Vislumbrando a instauração da “nova” normalidade, a prefeitura da cidade de Milão acaba de apresentar o projeto Strade Aperte ou “Ruas Abertas”, uma inciativa que procura favorecer os pedestres e ciclistas em detrimento dos veículos motorizados no centro da capital lombarda. Buscando desincentivar o uso do carro, a região da Lombardia irá transformar mais de 35 quilômetros de vias urbanas na cidade durante todo o verão, incentivando a retomada após meses de lockdown provocado por conta da luta contra o surto de coronavírus, incentivando a sociabilidade e caminhabilidade do espaço urbano.
Remanejando os fluxos de veículos e incentivando a caminhabilidade no centro da cidade, o ambicioso projeto da prefeitura de Milão está previsto para entrar em ação já no início do mês de maio. A primeira rua adaptada à pedestres e ciclistas será nada mais nada menos que uma das mais importantes vias comerciais da cidade, o Corso Buenos Aires. Ao longo de um trecho de oito quilômetros, em sua nova configuração a rua irá incorporar espaços para uma nova ciclovia e calçadas ampliadas. Priorizando a mobilidade lenta e a acessibilidade, Milão, uma cidade relativamente pequena mas densa, poderá facilmente incorporar meios de transporte alternativos como uma solução viável, especialmente para a maioria dos trajetos urbanos, que em média, são inferiores a quatro quilômetros, ou seja, 40 minutos a pé a um ritmo moderado e além disso, mais da metade da população já utiliza o transporte público para ir ao trabalho.
Durante os meses de isolamento social impostos pelo combate a disseminação do vírus, tanto o fluxo de veículos motorizados quanto a poluição atmosférica e sonora diminuíram drasticamente na cidade de Milão. Com o objetivo de preservar algo desta pequena vitória em meio à crise desta primavera, mantendo as ruas menos congestionadas e ampliando as alternativas de mobilidade urbana, o plano Strade Aperte poderá ser um dos mais ambiciosos projetos de renovação urbana da Europa no século XXI. Incluindo ciclovias temporárias de baixo custo de implantação e a redução dos limites de velocidade para 30 km/h. Com novas vias de pedestres e ciclistas, assim como calçadas mais amplas, a proposta da prefeitura da capital lombarda está se encaminhando para ser uma das mais bem sucedidas transformações urbanas do mundo.
Janette Sadik-Khan, ex-comissária de transportes da cidade de Nova Iorque, que está trabalhando junto à equipe da prefeitura de Milão, afirma que a iniciativa da capital lombarda poderia se transformar em um projeto modelo para que outras cidades da Europa e do mundo percebam “a importância da caminhabilidade em centros urbanos densos como o da cidade de Milão, estabelecendo um conjunto de regras de como transformar os centros das nossas cidades no futuro. Esta é uma oportunidade única que se apresenta em um momento também bastante singular, uma nova chance para redirecionarmos as nossas cidades em direção aos resultados que queremos alcançar: ruas que não apenas operem como espaço de deslocamento de um ponto A à um ponto B, mas espaços agradáveis e acessíveis onde as pessoas possas conviver e se deslocar com segurança.”
Via The Guardian.
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